Momento vivido

Hoje de manhã, atrasada e pensando no que teria de enfrentar nas próximas horas, uma voz suave me trouxe de volta para onde eu realmente estava e devia estar: em casa e com o neto em apuros.

— Vó, meu dever de casa está confuso.

Pedi a ele que lesse o enunciado da questão. Ele leu em voz alta:  “acrescente uma letra às palavras abaixo e crie novas palavras”.

Ele tinha criado bamba ao inserir um ‘m’ entre as duas sílabas de baba e queria saber se essa palavra existia.

— Existe sim.

— Mas o que é bamba?, ele perguntou.

— Já vamos descobrir, disse, enquanto alcançava meu ‘Aurélio’ na estante.

Mostrei a ele o dicionário, dizendo:

— Aqui estão quase todas as palavras da nossa língua.

Ele arregalou os olhos:

— Que livro grandão!

Pediu para segurá-lo, queria ver se era pesado.

Juntos, folheamos o dicionário. Mostrei a ele a ordem alfabética na listagem dos verbetes e sugeri que procurássemos a palavra bamba. Deixei que ele virasse as páginas, procurando o grupo das palavras  começadas com b. Ele foi para o começo do livro, passando as páginas com delicadeza e parando os olhos aqui e ali para se orientar. Me mostrou que ban vinha depois de bam, e finalmente achou a palavra. Mostrei a ele que havia explicações sobre o sentido e o uso de bamba — as definições. Lemos todo o verbete e pensamos em exemplos diferentes dos que tínhamos acabado de encontrar.

Ele fechou o livro e voltou para a mesa de estudos, já sabendo a frase que escreveria com a palavra que acabara de aprender.

Acariciei  o bom amigo Aurélio e o devolvi à prateleira.

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *