Constatações

Nunca tive tanto prazer em chegar em casa! Tirar esse vestido desgraçado que fui obrigada a usar por mais de 4 horas para uma cerimônia sem sentido. É um protocolo humilhante para as mulheres. Meu chefe disse que eu tinha que ir com “um pretinho básico”, e me entregou uma caixa. Lá estava um micro vestido! Ninguém precisava imaginar meu corpo pois tudo estava mais do que à mostra. E os homens? Com a marca do poder: terno preto e gravata. Barrigas escondidas e bem disfarçadas, enquanto eu me sentia uma mercadoria. Dois pesos e duas medidas, certo?

A falecida Rainha Elizabeth se submetia a regras rígidas sem dizer um “ai”, carregando suas bolsinhas ridículas sempre em tons pastel, combinando perfeitamente com os chapéus e trajes bem insossos —  parecia uma estátua que se mexia, com um mínimo de expressões faciais. O filho, que agora é Rei, anda sem bolsa, livre como eu, que adoro sair de mãos abanando.

O que havia dentro daquelas bolsinhas? Isso sempre me intrigou. Será que ela carregava o indispensável e precioso lencinho com bico de renda e sua carta de abdicação — vai que o saco lota e resolve se mandar… Se tivesse um mínimo de ousadia, o que duvido muito, guardaria um baseado para suavizar a monotonia de seus dias repetitivos. Jamais saberemos, continuarei imaginando zilhões de possibilidades.

A monarquia já era. Os jovens ingleses que o digam. Criticam muito e com razão. São poucos com muito e muitos com pouco ou nada. Há pobreza na Inglaterra!

O nojo que sinto desses esquemas e negociatas que priorizam o lucro é imenso. Aos desfavorecidos? Migalhas, se tanto. O futebol virou mercado, com cifras absurdas. E o amor à camisa? Démodé.

Estou vendendo minha cidadania e expertises. Quem dá mais?

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