Meu Escritório, Um Mundo Sem Paredes

Sentada à minha escrivaninha — ou talvez devesse chamá-la de mesa de surpresas — me vejo rodeada por um pequeno universo, cheio de promessas que vibram no ar. Pode parecer um espaço simples, comum, mas percebo que nele há uma entrada para um mundo sem limites, sem fronteiras, onde não há paredes a me aprisionar. Aqui, onde cada objeto se torna uma chave para outros mundos, o ordinário se transforma em extraordinário, e cada canto tem algo novo a revelar.

À minha direita, minha garrafa d’água é mais que um objeto. É a companheira inseparável das tardes imersas em livros. Ela carrega comigo a lembrança de maratonas de leitura, quando a sede se tornava um lembrete de que até os momentos mais profundos de imersão precisam de pausas. Cada gole é um tempo, um retorno às necessidades simples e essenciais da vida.

E ali, à esquerda, meu prato cor-de-rosa, que guarda histórias de uma infância vivida à mesa, de um primeiro prato de comida e de tantas outras memórias que se misturam com ele. Esse prato não é só um utensílio. Ele é meu companheiro, meu confidente. Lembro-me dos momentos difíceis, quando a comida não me agradava e minha mãe insistia que eu comesse. Eu, tão pequena, resistia, e ele ali estava, paciente, me acalmando, me protegendo. Agora, ele guarda clips coloridos e outros pequenos tesouros que a vida me deu. Ele continua  me alimentando não só de lembranças, mas de uma sensação de segurança e carinho.

Ao redor, lápis, canetinhas, cadernos e livros me cercam. Mesmo em sua quietude, esses objetos me transportam para lugares distantes. São portais que se abrem ao meu toque, me levando a continentes longínquos, a momentos que já se passaram , mas que permanecem guardados no meu coração.

E os livros? Ah, os livros são meus passaportes para outros tempos e lugares. Alguns já foram lidos, marcados por minhas próprias viagens internas, enquanto outros aguardam, quietos, a vez de me revelarem seus segredos.  São meus velhos amigos. Falam a língua do meu espírito e estão sempre dispostos a me guiar para novos horizontes.

Os dicionários, guardiões das palavras, descansam calmos em uma prateleira. Poderosos, me levam longe! Navegar por suas páginas é um prazer e cada palavra nova é uma porta que se abre para um mundo inexplorado. Sou transportada para um universo de sentidos que me envolvem e ampliam minha visão de tudo ao meu redor.

E o que dizer das paredes? Elas são apenas contornos de um espaço que não limita minha imaginação. Tudo aqui me lembra de lugares e momentos especiais, como uma galeria de lembranças, de sonhos e destinos ainda por vir. À medida que me sento aqui, entre meus livros e objetos, sinto-me viajante e explorador, Alguém em constante movimento, que transcende os limites físicos e se lança em viagens que começam no interior do meu pequeno escritório, mas que me levam a terras distantes.

Neste meu lugar, de paredes invisíveis, os verdadeiros voos começam no momento em que me permito sonhar. Cada página virada, cada palavra descoberta, cada história contada são inícios de jornadas que nunca terão fim.

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *